19.12.06

Perguntas de sono à ela

Indo dormir
com olhos nublados.
Acordarei eu
dentro de uma poça?
Se o meu tempo
estiver afogado,
Você me salva, moça?

8.12.06

Espelho, espelho meu

uma metade
no espelho
enlouquecendo uma cidade
com fantasia e medo

esta metade me pisca

uma íris envolta em pesadelo
de sombras circunstanciais
que podem dissipar
nunca mais.

"Era uma vez..."

4.12.06

Coloca tudo isso no seu blog!!

Vai, coloca tudo isso no seu blog!!

Coloca que vc está às 22:45 da noite, quente de vinho e se sentindo só.
Que você olha para todos os cantos do universo e pensa "ai, meu deus, eu não tenho ninguém".
Que tudo o que faz sua vida ir pra frente neste momento é conseguir um estágio novo e o _SÓ O PÓ.
Que você não quer nem a pau se levantar às seis horas da manhã pra ir pro estágio.
Que você não queria estar aqui escrevendo estas bobagens, mas ligando pra alguém, dizendo que ama e que quer ficar junto.
Que você é uma infeliz que ninguém ama, que ninguém quer.
Que você está sem coragem.
Que você se deprecia.
Que você vai se arrepender de tudo isso que colocou aqui assim que olhar seu blog amanhã de manhã.
Que vai querer apagar, mas vai pensar "ah, era isso mesmo que eu tava sentindo, deixa aí".
Que eu quero meus amigos, sempre, eles são tudo, não sei o que seria de mim sem eles.
Que fico triste quando eles vão embora.
Que por mim ficava aqui tomando vinho, escrevendo e rindo eternamente com eles.
Que quero [de novo] meus amigos.
Que me sinto carente.
Que quero minha brutalidade de volta.
Que amo _O PÓ.
Que estou sendo cansativa e repetitiva.
Que existem comentários que queria entender melhor.
Que há um pedaço no coração que precisa ser preenchido.

Que, que, que...

Ah, coloca tudo isso e mais um pouco no seu blog, patética!

Postando, sentimental até a tampa! Ai como eu odeio isso.
Mas estou afim de me desnudar.

30.11.06

Post-pílula: Submundo

a pó
ética
do corpo
é ser
anti
ética

25.11.06

O agora

digo ao Blues
àquele que amava
que não é tão azul
a sua rasgada e triste mágoa.


passado e passadas não existem mais
ao passo que passo
pelo passadiço, voraz,
atrás de vermelhos e violetas
em tua boca uma vez mais.

22.11.06

AVA

Ela AVA tudo.
DetestAVA. OdiaAVA.
AdiAVA. TolerAVA.
JurAVA. SonhAVA.
MatAVA. BatalhAVA.

CansAVA. CantAVA.
RealizAVA. AcertAVA.
ErrAVA. Tanto AVA que agora
ArrastAVA uma corrente pesada
com um coração doente na ponta
repleto de verbos do passado.

19.11.06

Novas experiências

Tinha curiosidade, porém medo. E se não gostasse? A sensação fosse ruim? Se ficasse mal depois? Mas os amigos diziam que ia ser bom, gostoso e ficaram abismados que uma pessoa como eu nunca tivesse experimentado.

Então, levaram-me a um local para esperarem-na chegar. Uma, duas, três horas e ela não vinha. Estavam todos ansiosos, queriam um pouco dela e queriam que eu a experimentasse logo. Pouco mais de três horas e ela chega. Amigos, ávidos. Eu, receosa. Ela era bonita, de fato, causou-me atração. Mas, ainda assim, exitei em encostar minha boca. Mas, eles já estavam lá, deliciando-se. Era chegada a hora.

Tentei ser o mais delicada possível quando a peguei, mas confesso que não tinha muito jeito com aquilo e fui meio desastrada. Disseram-me que antes tinha que lambuzá-la e assim o fiz. Depois, levei minha boca até ela [ou ela a minha boca, já não sei]. Fiquei um tempo sentindo o gosto, a textura, diferente do que eu já conhecia. Mordi um pouco e com muito custo consegui terminar o que havia começado. Com um rosto aliviado, disse que não havia gostado. Meus amigos ficaram estupefatos, não era possível, prove outra então, esta aqui. E eu, inocente, iludida, lambuzei, coloquei uma partezinha da outra na minha boca e [argh], não dava, deixei pra lá, não terminei. “Ah, então tente esta, mais encorpada! Deixa que eu lambuzo, você só põe na boca”. Coloquei, fiquei com a língua lá parada com aquilo na boca e minha amiga “vai, Amanda, morde um pouco, termina”, também não deu.

O gosto, a textura, a sensação eram ruins. Fiquei sim mal, mais foi uma reação imediata, ligada diretamente ao sabor, depois passou. Definitivamente, ela e aquele líquido que ficava todo lambuzado nela não eram para mim, muito molhada e argh.

Fui uma decepção aos presentes, que continuaram lambuzando e metendo a boca naquilo, como se fosse a melhor coisa do mundo. Uma amiga disse que a primeira vez é assim mesmo, não se gosta logo, mas depois fica bom. Ela mesma só veio gostar depois de três anos da primeira vez. Mas eu disse não, que não pretendia provar novamente. Particularmente, prefiro continuar com o que já conheço e gosto, infinitamente melhor do que aquilo. Minha boca é preciosa demais para estas aventuras.

Alguns amigos compreenderam, outros continuaram achando absurdo que eu, sendo quem sou, não gostasse. Fui embora cabisbaixa, em busca de uma que fosse para mim. Para minha surpresa, achei sim: acabei a noite com uma gostosa na minha casa e aí sim foi bom. Esta era diferente, era especialmente minha. Saudade agora.
[sobre com foi comer comida japonesa]
[o lambuzar refere-se ao shoio]
[a gostosa era uma galinha (galeto) quetinha em casa quando eu cheguei]

15.11.06

.chove.

estranho alvoroço.
estranha calma.
a chuva desenhada
esta tarde
me move.
me morde.
me fode.
{me pode, me dope,
me amole, me jogue,
me sobe, me chove!}

12.11.06

[e se um dia...?]

Atravessei a rua olhando para o passado e um caminhão me chocou com o presente: eu estava no asfalto, sangrando, morrendo. Um amigo havia me dito que tinha certeza que eu morreria atropelada um dia, eu ri. Sinto dizer que ele estava certo. Independentemente daquelas pessoas que corriam em meu socorro, do motorista do caminhão que corria na direção contrária para não ser preso, da gritaria, da sirene da ambulância, eu ia morrer, era só uma questão de tempo, de pouco tempo.
Alguém pegou a minha mão, mas já não fazia diferença. Tudo era frio. Não tinha calor humano que remediasse isto. As imagens transcorriam lentas à minha frente, ao contrário do que eu sempre pensei, que passaria num flash. Levantaram meu corpo pesado e inútil e colocaram na maca, dentro da ambulância e me levaram. Tanto estardalhaço para nada, não adiantava, não tinha mais pulso. A minha vida havia se reduzido a uma linha reta [tuuuuuuuuuuu] no aparelho que mostra os batimentos cardíacos.
Os gritos fizeram-se longe.
Os risos tornaram-se bocas cerradas; as pessoas, lembranças; o bom e o mau do viver, saudade.
Não sei ao certo dizer como é, porque tudo ainda é escuro. Espero, um dia, descobrir que algo aqui que conforte. Mas não há esperança [há?] depois da sua morte?

7.11.06

Algo

Algo está parado no peito.
Não há medos, anseios,
amores, esperanças,
desejos, segredos,

Nada. Está parado e só.
Uma rocha, que sofre a ação do tempo
e que não muito tarde virará pó.

6.11.06

Acordou desesperada por um bar e ainda eram oito horas da manhã. Aonde iria, o que faria, até chegar um horário mais propício a este tipo de coisa? Afinal, ela não era alcóolatra, não ia caçar um boteco aberto assim tão cedo, nem filar as bebidas do pai.
Queria um bar e tudo o que ele proporciona [ou pode proporcionar]. Não só a bebida, também a conversa com amigos, rostos novos, rostos antigos, alguns idiotas, "algum" interessante, música, ar puro. Sentia-se mofando, mas também com uma certa dificuldade de sair daquele mofo. Tanto que adoecia. A cada duas semanas que passava, pá, pum, lá estava de cama, sem respirar, com olho inchado, febrão... tão decadente, minguando. Muito sangue na veia estava fazendo mal.

- Garçom, álcool e gente interessante, que não fale só bobagens... pode ser? Obrigada!

5.11.06

Não a/há tristeza

indo para aqueles que não têm vida
sente a linha da morte, por não ter quem a toque
veja a loucura que a solidão deixou na pele, minha querida
não chore, meu bem, não pode

28.10.06

Achados de um hospital psiquiátrico (28/10/2006)

Paciente: Angelique

Trancada, uma camisa de força. Havia loucura lá dentro? A partir de que ponto a realidade que acreditamos passa a ser loucura? Quando uma maioria do mundo determina? E se estamos cansados de ver as maiorias errarem, em todos os âmbitos da vida? Fica difícil acreditar nelas então. Se sou bruxa, coloquem-me no fogo. Se sou transgressora da ordem, enforquem-me. Se sou louca e não posso responder pelos meus atos, enterrem-me. Para quê andar do mesmo lado que os outros? Eu não sou o outro. Não sou todo mundo, nem ninguém e, talvez, nem seja eu. Só quero saber as coisas do jeito que sei, aprender do jeito que aprendo, viver do jeito que vivo, ser do jeito que sou.
---
tenho as mãos sangrando por não poder alcançar o que quero, então elas se castigam. As unhas grandes ferem a pele. Escuto sons e vejo coisas que gostaria que fossem para mim, mas não são. Aqui só sou eu e o escuro. Ele é meu, me pertence. Vivo só com as minhas verdades. Não sei de onde tiro estas frases, nem quem as escreve, porque eu não posso fazer isso. Não posso fazer nada. Só tentar não sentir meu corpo, ele dói. Dói saber que ele vive me prendendo e que quando ele me soltar, já não estarei mais aqui. Eu não quero mais pensar, acabou, não mais, não mais...

26.10.06

Putice da vida

Dias que começam mal. Hoje é um deles.
Meu pai nunca se decide se vai sair cedo ou tarde de casa, então meu metabolismo fica a mercê das atitutes de lua dele. Eu não consigo dormir cedo, então de manhãzinha fico dormindo pelos cantos e não consigo fazer nada muito eficiente. Então: Amanda demora séculos para levantar, ir ao banheiro, tomar banho, tomar café etc.
Hoje, não tomei café [e tava com fome], tomei banho, estava me trocando e ouvi meu pai tirar o carro [saco!]. Lá vai eu correr atrás da casa feito louca, não sabia [e ainda não sei] onde está minha chave, saí com escova e pasta de dente na bolsa e jurava estar com uma escova de cabelo comigo. Por quê? Porque pretendia escovar os dentes e pentear o cabelo aqui no trabalho. O que acontece? A Amanda só escova os dentes, porque esquece a escova de cabelo! grrrrr!! Tentei pentear com a mão, molhei mais, prendi... e tô puta. Pra completar, tô com dor de cabeça e ainda com fome, tô sem o mínimo saco pra trabalhar, nem pra ir pra ufal, nem pra fazer nada, só queria casa.
Aff... eu aqui falando, falando... é que essa hora não tem ninguém aqui no trabalho, eu preciso canalizar essa energia negativa em algum lugar. Vai aqui mesmo. Ô dia ruim!

=P

P.S.: Tinha um urubu em cima do palácio espelhado... daria uma foto legal... mas será que é mau agouro?

24.10.06

ugh!

Há tempos que não saio de casa, também não sei se preciso.
Carrego uma concha como um caramujo.
Tô verde que nem uma lesma.
Tentando ler que nem uma traça.
Querendo conhecer gente como uma aranha.

É, tenho sido um bichinho gosmento.

Passar bem!

[escutando AC/DC pq é bom e feliz]

17.10.06

Reflexões

Mundo, ó, mundo,
é pior desistir ou não tentar?

E o chão se abre, a terra me engole em línguas de fogo enquanto uma voz grossa e assustadora responde "os dois, minha querida, os dois".

14.10.06

Entre uma página e um tango

O último tango, no fim da última tarde do mês de agosto. Ela o chamou para dançar e ele aceitou. Ela com a certeza de que deveria, ele com a dúvida, mas com passo firme. A música tocava em uma altura que só chegava aos seus ouvidos e apenas os observava um senhor simpático de óculos, que cantarolava canções de boemia todo o tempo, ainda que em seu gramofone estivesse tocando o mais moderno jazz.
Os dois sorriam atrapalhados, de um modo que não combinava com a dança. Não importava, combinava com seus corações. Um tropeço, uma queda, um eterno desengonçar. Mas era intenção, era brilho, era vida. O derradeiro ato, o terminar. Não haveria mais o antigo baile, nem este novo, esta nova sintonia entre os corpos num laço musical.
E toda esta cena não acontecia em Paris, nem em uma casa de tango Argentina, nem em algum grande salão clássico, grande, decorado ou em um palco teatral. Acontecia em um sebo [alfarrábio]. Entre os livros, didáticos, clássicos, verso, prosa, recentes, velhos e muito velhos, nas paredes, no chão, no teto em todo lugar. Espremiam-se belamente num corredor, entre eles. Os olhares aqueles que brincavam, as bocas aquelas que sorriam, os ouvidos aqueles que captavam os sussurros que a alma escondia. A imaginação aquela que se perdia.
Sob os cuidados das lentes enrugadas do senhor cantante, que sorria, eles podiam esperar até a noite, que já se estendia, trazendo consigo o vento frio do adeus.

Amanda Nascimento – 31 de agosto de 2006

Baseado em um dia muito legal com Ramiro, Carol e Larissa ;)

8.10.06

ECO (poesia de gnomo feliz, pq eu sou um)

Nós marchamos
Subimos contentes
Para onde vamos? – aonde vamos?!
Pro outro lado
Pro outro lado
Jogue os dados [os dados!]
E vejam
Quantos passos
damos.

Atrás do monte
Lá se esconde
Aquilo que buscamos
Se esconde? [onde?]
Sabemos não ainda
Jogue a água da fonte [olha lá, a fonte!]
Pra cima
Pra cima!
E veja que coisa
linda!

Chegamos não.
Chegamos?
Sim!
Aqui?
Aqui!
Não pode ser aqui.
Sim pode,
Pode sim.
Jogue carmim!
Não! Nanquim!
Carmimnanquimcarmimnanquim – os dois! E mais!
Pra que canto? [canto?]
Pra um qualquer [pode ser canção?]
E veja nos seus olhos
a transformação!

Do outro lado,
Outro lado,
Coisas lindas [linda, da, das!]
Não se escondem.
Se transformam [formam!]
Atrás do monte [ontem.]

Amanda Nascimento – 11 de setembro de 2006

5.10.06

Cheia de martini =D

É assim. A gente bebe, escreve umas besteiras, põe uma música antiga pra tocar. E parece que a gente está num filme e aquela cena vai acabar daqui a uns dois minutos e trinta e sete segundos. Mas ela não acaba e você fica lá, esperando um fade que nunca vem.

Conversas ótimas, pensamentos a mil. Mas pensar é ruim, não é? Sim, quando a gente pensa, se fode, bonitinho. Em tese isto deveria ser bom, mas não é. Cheguei a uma conclusão que se a vida fosse construção de algo, chegar-se-ia a um patamar em que tudo se estancaria e seria a plenitude. Mas não, isso não chega e, quem chega, se engana. A vida é desconstrução, passar sempre uma tese em cima de outra, um tijolo quebrado atrás do outro, por isso a gente anda, pé-pós-pé. Neste andar a gente não está construindo um futuro, está tentando destruir um passado, poeira esmagada, que já foi. Mas é claro que, como tudo, esta idéia será, posteriormente destruída. Por mim mesmo, por vocês.

A gente conquista e destrói. Vítimas da gente mesmo. “Eu” universo grande, a gente não se conhece de modo algum.

[Ao som de Bon Jovi]

"Shot through the heart
And you’re to blame
You give love a bad name
I play my part and you play your game
You give love a bad name
You give love a bad name"

4.10.06

poemeta

pezinhos
pezinhos de lagarta
para lá e para cá
cócegas, diversão até o triste dia de encasular.


Amanda Nascimento - 11 de setembro de 2006

Achei isso aqui escrito no computador. É bobo e bonitinho. Não quero retratar o marasmo que dominou esta semana. Coisinhas felizes, por favor [tenho medo de entrar em depressão]
Lembra-me uma contra-capa da revista "Ciência Hoje para Crianças", que dizia que a namorada era estranha, parecia uma lagarta listrada. Minha mãe às vezes me dizia "Amanda, você é estranha, parece uma lagarta listrada". Não sei se fico feliz com isso =\

27.9.06

o cotidiano nosso de cada dia

grite uma música.
cante um protesto.
provoque tudo o que for indigesto.

não presto, mas não nego.
não sou pura.
sou gente que se indigna, põe cara dura
e vira até palhaça se necessário
nesse acontecer diário
em que a vida se afunda.

Amanda Nascimento - 27 de setembro de 2006

25.9.06

Sonho ruim em p&b

Alguém já acordou de um sonho ruim, com uma sensação de vazio? Com tristeza? Aflição? E começou a chorar, parte por alívio de não ser real, parte por tristeza de que poderia ser verdade?
Isso aconteceu pela segunda vez comigo hoje, muito mais intensamente do que a primeira vez. Da primeira, o sonho ruim era um acidente de carro em que meus pais e eu morríamos, eu acordei mal, derramei uma lágrima, pronto.
Hoje, acordei às quatro horas da manhã, sonhei que o meu irmão morria, não lembro do que, acho que era alguma doença. O sonho era em preto e branco. Tive uma alucinação dentro do sonho também, de ver minha cachorra morta embaixo do colchão da minha cama. Eu chorava muito no sonho, após o velório e ficava me perguntando porque que isso tinha que acontecer com ele; uma prima minha dizia que Deus às vezes queria que passássemos por provações. Neste momento eu abri os olhos, fiquei olhando pro meu quarto, escutando o barulho de ar-condicionado do quarto do meu irmão e comecei a pensar no sonho e a chorar. Senti como ia ser vazio e triste se ele morresse, senti que não ia mais viver direito. Foram uns 15 minutos assim até eu parar e tentar dormir de novo. Horrível.
Consegui ainda cochilar um pouco. Pensei que estava tudo bem, que a pessoa que eu mais amo estava bem, ao meu lado e que continuará assim por muito tempo. Então percebi que não há mais motivo nenhum para tristezas menores.

Não quero mais passar por isso não =(

22.9.06

Braços de poltronas acolchoados, pipoca sabor barbecue, amizade e poesia

Isso mesmo. O título é um resumo da minha terça e da minha quinta-feira.
Terça
Programa: Árido Movie, Cine Sesi Pajuçara
Pessoas envolvidas: Carol, Larissa e Ramiro (ordem alfabética pra ninguém brigar)
Após manhã chata, compromissos desmarcados e um x-bacon, chego eu com, 50 minutos de antecedência, no cinema. Espera, espera, espera e... observa pessoas interessantes e... espera mais um pouco. Liga, "estamos a 10 minutos daí". Dez minutos depois, chegam, sorridentes de mãos dadas, Carol e Ramiro. Abraços, saudades para matar. Comprar ingresso, chega Larissa, comprar ingresso de novo, entra, o filme já vai começar, espera a pipoca sair, "lanterninha" faz brincadeira, Larissa adiantada entra, pipoca sai, "hmm, gosto de carne".
Entrar no cinema, "não vou sentar não, não enxergo nada", um celular brilha na escuridão, nos aguarda nosso lugar. Cadeiras fofas, a descoberta do ano: poltronas com braços acolchoados! Que maravilha, só vou ao Cine Sesi agora. Filme bom, risadas [altas demais para um cinema quase vazio], vontade de deitar no palco em frente ao telão, mais risadas, contemplações com expressões lingüísticas usadas, estranhamento no final... mas tudo certo, foi bom. Luz, acende, créditos, banheiro, risada, ponto, casa. "James", a menina quer mais Cine Sesi. "Quero mais!".
Quinta
Programa: Casa do Ramiro
Pessoa: Ramiro
Acorda e prepara tudo: câmera, LP do Pink Floyd, abridor de vinho "o deus". Trabalho, trajeto pelo comércio até a Somurb - abrigo de proteção anti-áereo: encontrar com Ramiro. Ônibus semi-cheio até o reduto das casinhas de boneca, e elas são lindas, quero uma igual quando crescer =) Fazer almoço, quase colocar fogo na casa com o arroz, queimar o dedo e, o mais importante: observar o Ramiro fazer quase tudo rs [mas eu perguntei se queria ajuda kkk]. Almoçar como canhota, porque o polegar direito estava permanentemente encostado em algo gelado. Comida deliciosa, suco de pitanga e vinho, hmm! Subir escadas, ver o jogo e ler Bizz ao mesmo tempo, ver Miro sofrer [ainda tem o bronze, calma!]. Escutar músicas que eu nunca reconhecia, tirar fotos, querer ficar em pé no balcão da janela [um dia eu ainda fico], escrever [ou pelo menos tentar]: poesias aqui, acolá, nossa conversa está me ajudando a vencer essas minhas frescuras de depreciação e perfeição.
Conhecer mãe, irmã, ler trechos de livro, comer coxinha com fanta, escremer a última poemeta e ir-me =( Dia bom, muito bom, que eu peço uma segunda dose dele, mais solta literariamente dessa vez, por favor rs, para aos poucos produzirmos algo maior.
Algo do que foi feito ontem:
{Corrida de Saco}
O amor é um saco de estopa
que as crianças brincam
de corrida.
{Joguinho de Cartas}
Enquanto você joga Paciência,
eu jogo a minha paciência
aqui do seu lado.
Amigos "inseparados".
{Amigo Hendrix I}
E aquele acorde que era você,
agora é eco frio,
Não queima mais
como as cordas de Hendrix.
{Amigo Hendrix II}
Hey Joe,
aonde você vai
com essa menina nas suas mãos?
Hey Joe,
você vai perdê-la de mim.
{????}
Estas noites que trago no rosto
são só um pouco
do que você mais não é.
{Canibalismo}
Deixa-me comer tua boca,
sangrando tudo, bem devagarinho,
mastigar todos os seus dentinhos?
Por favor, só um pouquinho!
{Atenção}

Olha, já tenho uma página
de versos idiotas.
Olha, já tenho uma página,
Mas você nem nota.
{.passageira.}
Sinto-me como nuvem nublada,
Daquelas que todos juram que vai cair.
Mas ela não cai, só passa e passa...
Até mais nunca, partículas molhadas.
{FECHAfechafechaFECHAfLeCHA}
Esta FECHA* fecha
o dia que a flecha
oassou de raspão
e levou um pedaço
do meu... pulmão.
{desde esse dia em diante
eu não respiro mais você,
só suspiro}
{Fome}
Vamo comer coxinha?
Vamo.
Vamo!
{Indo}
É momento de ir
às horas fechadas da minha casa.
Tchau, tchau tempo de açúcar,
que se desfaz em caramelo.
f.i.m.

19.9.06

sem nome

A pior saudade
é aquela que o corpo sente
Do outro corpo
abraçando a gente.

[A lágrima cai
que dói]

Amanda Nascimento

17.9.06

De tudo

Tenho cores de tudo.
Tenho imagens de tudo.
Tenho palavras de tudo.
Tenho sons de tudo.
Tenho idéias de tudo.
Tenho sono de tudo.
Por isso durmo

e enquanto isso se realizam as coisas mais fantásticas.

Amanda Nascimento

12.9.06

Call me when you're sober

"You never call me when you're sober.
You only want it cause it's over,
It's over.

How could I have burned paradise?
How could I - you were never mine.

So don't cry to me.
If you loved me,
You would be here with me.
Don't lie to me,
Just get your things.
I've made up your mind"

A nova música do Evanescence é até legal, mas "ligue-me quando você estiver sóbrio"? Tudo bem, eu entendo os problemas que ela passou com o ex-namorado [que além de horrível tem cara de ser um pé no... mesmo], que ela deve ter sofrido e blábláblá. [E agora, neste exato momento, está me surgindo uma outra interpretação para o nome, no sentido de "só me procure quando você estiver sóbrio, curado". Porém, eu já tinha pensado em comentar uma coisa e vou continuar rs]
Na verdade, quem nunca ligou bêbado para alguém ou recebeu uma ligação de um bêbado? Quase todo mundo já fez isso. Principalmente em se tratando de relações amorosas. Quando você está gostando de alguém e é aquele amor não correspondido [ou ainda não correspondido] e depois de umas e outras você liga sendo sinceramente bobo, falando tudo o que sente com aquela voz de disco com baixa rotação e depois desliga, dorme e acorda com ressaca moral. Quando o celular toca e você olha o número "é ele/ela", suas mãos começam a tremer, você mal consegue apertar a tecla de atender, já vai logo falando "oi fulano" e a pessoa está trêbada, às vezes não consegue nem falar direito por que ligou "er... liguei só pra falar" e às vezes fala coisas surpreendentes, ou sem sentido, mas vocês entram numa conversa alucinada de muitos minutos e isso é a melhor coisa do mundo... principalmente quando é de madrugada e você está dormindo... que maravilha! Você se sente a pessoa mais amada do mundo, mesmo que quando sóbria a pessoa não te dê muita bola, fique tímida, sei lá.
E quando o amor é correspondido, se já existe namoro, é bom do mesmo jeito. Ligar bêbado, em horas inusitadas, pra dizer que ama, falar bobagens e rir.
Então, leitores [e pinguços] de plantão, quando estiverem bêbados, peguem seus telefones e não pensem muito, liguem! Não precisa só ser para os amores, pode ser para os amigos também, afinal eles também são amores que não beijam na boca [não necessariamente, mas... precisava definir kkk] e é sempre muito bom viajar em palavras com eles ;)

Amanda Nascimento

6.9.06

Ouvindo música e escrevendo

Quando estou triste por não poder estar em algum canto que eu queira, com pessoas que eu gosto, eu tenho o costume de colocar muitas músicas em meus fones de ouvido. De preferência, músicas que a maioria deles [os meus amigos] não curtam. Louca, eu? Acho que não. È como se servisse para me tirar do mundo, aquele mundo do qual eu não estou participando, para entrar em um só meu, que só eu pertenço, que só eu posso viver, uma coisa particular.
Neste momento mesmo estou ouvindo Nightwish. Tá, muita gente gosta de Nightwish, mas isso é hoje em dia. Estou escutando os álbuns da época antiga [não que eu seja daquelas chatas que acham que o trabalho novo é ruim – eu gosto do novo também], aquela em que pouca gente conhecia, em que eles não eram chamados de gótico, e em que não era qualquer piveta de 13, 14 anos, que tem tudo na vida, mas acha a vida horrível e ama a morte e por isso se mete a dizer a todo mundo que é gótica e anda no posto 7 bebendo vinho achando que ta arrasando [vai ser emo, porra!] que gostava.
E aí eu tenho um mundo só meuzinho. Ouvir Nigthwish também me faz lembrar da época que eu tinha 13 anos. A idade que comecei a sair com meu irmão e beber vinho na praia, perto do farol ali da Ponta Verde. A idade com que eu entrei pela primeira vez numa loja de metal e vi o Celo escolher um cd pra comprar, optando junto com a Tallita [doida!] pra ele levar o do Nigthwish, porque tinha um cara bonitinho na banda [affs, fala sério]. E ele levou o Nightwish [não pelo cara bonitinho, óbvio rs]. É, eu já fui uma piveta de 13 anos, não posers como as de hoje, mas já fui. Era tímida [e ainda sou, embora muita gente não ache], estava construindo ainda minha personalidade em muitos sentidos, acabei me tornando a sombra do meu irmão [nas coisas boas que ele tem] e não me arrependo.
É, ouvir Tarja Turunen soltando sua voz, Tuommas nos teclados [o tal bonitinho do encarte] e todo o resto da banda traz muitas recordações. E a Tarja hoje em dia nem na banda está mais. E eu também nem sou mais aquela piveta de 13 anos, muita coisa, muita coisa mesmo se passou de lá pra cá: 7 anos!
Eu estudei, fui muito certinha, fui agregando metal a minha vida, escutando outras coisas também, tive minhas revoltas [comportadas, se comparadas com de outras pessoas], percebi que gosto de ouvir sons diferentes, que gosto de gostar do que muitas pessoas não gostam [nossa, quanto gostar em uma frase só], que amigos vêm e vão, que a vida pode mudar completamente depois da universidade [mas a minha começou a mudar um pouco antes disso], que família nem sempre é o seu maior ponto de apoio e muitas outras coisas que a vida vai fazendo-nos enxergar.
E hoje em dia? Ah... Sou uma pessoa segura sobre algumas coisas, insegura sobre outras, que em alguns momentos se surpreende consigo [como agora, nesta conversa comigo via Word], que tem amigos fantásticos sem os quais não sabe como viveria, que tem sonhos e coisas a pôr em prática, que já não é mais tão certinha, que experimentou coisas novas, que viveu em três anos muito mais do que viveu em 17. Uau...
E agora? Continuo aqui escutando Nightwish e pensando onde queria estar...

27.8.06

Conticnho

tic, tic

seu dedo batia contra o vidro. Junto à janela, madrugada, não conseguia dormir. Havia decidido passar a noite assim, como uma louca, tic, tic. Seu relógio da parede não tinha pilha, seu despertador em forma de animal estava quebrado, seus relógios de pulso e sua lua estavam distantes e faziam barulho baixinho demais para os ouvidos. Então tic, tic, seu dedo na janela, tic, tic, o sono vai chegar.
Mas não. A escuridão tardava a cessar e seus olhos eram duas labaredas atentas aos contornos daquele mundo sem luz que, de quando em quando se fechavam para dedicar seus sentidos exclusivamente aquele movimento contínuo, tic, tic. Vício. De repente se imaginou em uma reunião de loucos anônimos viciados em bater em vidros de janelas, fazendo confissões e contando há quanto tempo não fazia mais isso, “um dia de cada vez”. tic, tic.
Imaginara também os jornais noticiando a morte de pessoas por overdose de tic, tic. “O excelentíssimo doutor Fulano de Tal, que deu entrada ontem à tarde no Hospital São Sei Lá do Quê com um quadro grave de overdose tictídica, veio a falecer agora à noite. Fulano de Tal bateu tantas vezes e com tal força contra o vidro de sua janela que provocou uma hemorragia interna... tarará-tarará”. Riu, abafado, porém enlouquecidamente.
A aurora fez que ia surgir, mas o negro tapete de estrelas ainda não queria ser suspenso, tic, tic, tic, tic, tic. O ritmo daquela compulsão havia aumentado, junto com o ranger de dentes e uma principiante falta de ar. Sentia o ar gelado das primeiras horas entrando pelos pulmões, mas não tanto quanto deveria. Mas não sentia isto. Aquela sua nova mania tinha um quê de indescritivelmente prazerosa que não permitia que ela notasse e se preocupasse com certas alterações em seu metabolismo, tic, tic, tic, tic. “Eu sou louca?”, pensava, “eu sou louca? eu sou louca?” tic, tic. Uma ansiedade sem motivo havia tomado conta dela e seu coração acelerava. Ela puxava mais o ar gélido que não vinha. Olhos acesos, abertos como de espanto, boca seca, tic, tic, sono que não chega, escuridão que não se vai, tic, tic, vidro, bater contra o vidro, vidro, tic, tic.

Tum- tum, tum- tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum, tuuuuuuuu... tic, tic parou.

Amanheceu.

“tantantantantantantantantan... Atenção para última notícia: a escritora Dominique Barroso foi encontrada morta em seu apartamento. A ingestão de uma grande quantidade de remédios anti-depressivos causou-lhe parada cardíaca... tururu-tururu... E agora, futebol! O Santos vence por 2 x 1...”.

Amanda Nascimento

[faz um tempo já que escrevi, não lembro quando, mas tá valendo ;)]

23.8.06

...mais uma "concretice" qualquer... [Gafanhoto]

vi
não vi
ouvi
cri
.
.
.
cri cri cri cri cri cri cri. . .

feliz =)

[abobrinhas, abobrinhas]

Amanda Nascimento

21.8.06

Homeopatia

Acreditando-se justa, resolveu retirar-se daquele velho baú. Tanta conjugação de sentimentos não podia estar fora do mundo. Eram papéis, ora manuscritos, ora digitados; fotos impressas, analógicas e digitais; desenhos, esboços e finalizados; muitas bugigangas, porque por mais sério e intelecto que seja uma pessoa, ela não vive sem elas.

Por fim, era ela, em doses homeopáticas, dessas que não faz efeito algum imediato, mas cura de pouquinho.

Três bolinhas ou gotinhas dela embaixo da língua, três vezes ao dia... quer experimentar?

18.8.06

Voltando...

Vai fazer uma semana que cheguei de Salvador...
Sem muitas histórias para contar, ou sem muita criatividade atualmente para torná-las literárias...
Só sei que as melhores estão numa caixa secreta aqui dentro.

;)

Apaixonada, apaixonada por detalhes!
Ramiro, obrigada por emprestar-me "O Jogo da Amarelinha", cada vez amando mais, apesar de não ter partes não muito compreensíveis. Ele possui detalhes maravilhosos e sutilezas, dá vontade de beber e amar.

"Tinha uma maneira de dizer 'diário' que me fazia sentir um vazio dentro de mim" (capítulo 15) [isto não é fantástico?]

You so beautiful but you gotta die some day
All I want's a little lovin' before you pass away

[Roll 'Em Pete - Joe Turner (acho)]

4.8.06

Bêbado solitário

Vi ontem um cara, num bar vazio. Sentado à mesa, cerveja do lado, falando sozinho. Devia ser importante o assunto, já que ele teve tanta pressa em falá-lo com ninguém.

Gaarrxxçomm, maiisx uma... sim, masx como vai o destchino do mundo? Rapaxz, naum interrompi, tô bebeno...

[Baseado em fatos reais]

Estou indo para Salvador, aguardem histórias na volta =)

23.7.06

Demonstrativos

Vou para ali.
É pertinho daqui,
vou a pé.
Lá tem um lugar
de onde eu posso ver cá.
Aquilo que falta não vai me doer,
Pois isto comigo sempre estará.

Vou por aí.
Caminhando e deixando
esta me levar.
Aquela eu levo aqui dentro,
naquilo que bate.
Até chegar o dia
que desta eu me vá.

Amanda Nascimento

19.7.06

Conjugação do verbo "Amigo"

conhecer///abraçar///sorrir///conversar///
sair///rir///beber///gargalhar///beijar///amar/// chorar///preocupar///construir///destruir///viver///viver///viver////
///amigo///

ultimamente num vício deles///quero overdose///

13.7.06

...

Queria ir para casa, mas tinha preguiça. Fechar os olhos e acordar lá seria o ideal. Mas... para quê? Chegar lá e ver a sua bagunçada vida?
Ficar lá fora, distante, era mais interessante. Olhando o movimento dos carros, das pessoas, do tempo e suas cores.

"Vou me adiar um pouco aqui, depois me recupero".

Amanda Nascimento

6.7.06

Boêmia

aos Amigos

Um brinde à boemia
de belos amores
de eterna vida.
Dos dias tristes a alegria.
Amigos infinitos, bebendo
Viva!

Eu que sou, não sou,
Boêmia com ardor
De culto não muito pratico
Mas de fé é infinito
A bebida em meu altar.

E não sei se faz sentido
este poema aqui comigo.
Escrevo o que me passa
E que venha depois a minha desgraça
Mandar-me pro paraíso mais longíquo, se preciso,
Pra curar minha ressaca.

A(À) Poesia agora eu viro!

Amanda Nascimento - 06 de julho de 2006

29.6.06

Poesia perturbada*

Ando perturbada. Pensamentos e sentidos são fios negros, cortando como navalha a pele, perfurando órgãos. Não há tempo de se ater a nenhum deles, pois rapidamente eles me rasgam e transformam-se em outros, com o sangue vivo: mutação no DNA das loucuras que surgem e doem. Eu não sei o que fazer antes de virar pasta desforme de delírios, quando só me restará ser nada.

Amanda Nascimento

*Tanto que não conseguiu levantar-se.

26.6.06

Para início de conversa - desapego -

- Querendo conversar, dividir uma nova experiência, eu estou aqui.

Disse a tela em branco a ela.

- Eu estou passando por esta experiência de bater nas teclinhas do nada, ver as palavras que se formam a partir de um pensamento desordenado, sem ter medo de se vai ter fim ou não.

- Isso eu estou vendo, mas não é disso que você quer falar.

- Como assim não é disso que eu quero falar? Você sou eu por acaso?

- Sou.

- Sou?

- Não, você não. Eu sou.

- Devo estar louca.

- Sim. Você está escondendo de mim que sou você o que você está pensando agora.

- ???

- Tira essas interrogações daí.

- [backspace]
   Não devia ter feito o que você mandou.

- Mas você não fez, eu fiz, porque eu sou você.

- Ah, vai à *****!!

- Não.

- @#$%$#@... eu quero falar de DESAPEGO! Pronto, satisfeito?

- Satisfeita, sou mulher. Afinal, eu sou você. E não estou satisfeita, estou insatisfeita. Por que você quer falar sobre desapego em caixa alta?

- Sei lá, palavra bonita...

- Lá  vem você de novo, não é isso. Eu sou você, mas você ainda não está pronta pra ser eu...

- Mas, mas...

- Mas não, mais... mais tarde a gente conversa, não tenho tempo para um não eu agora. Até breve e vê se pensa sobre esta beleza de desapego.

- o que foi isso? -

[...]

Amanda Nascimento

24.6.06

Fragmentos de pensamento...

Pegou uma nota suja de sangue, dez reais vagabundos, justo na hora em que estava pensando como as pessoas deixam de ser aquilo que eram pra você. Amor, pessoas, dinheiro, sangue. Tudo interesse. Num dia você admira, no outro você despreza ou, pior, o contrário acontece. Num dia você pode comprar o mundo barato. No outro, o mundo te compra barato e você tá numa beira de estrada, pagando com cédula suja uma pinga e metendo goela abaixo com sabor de poeira. Se acaba ali, porque esta cena só é bonitinha em clipe, ou filme de Tarantino. Ali, sentado, vai coçar a barba por fazer, pedir mais uma, jogar uma cantada feia pra uma prostituta mais feia ainda, que vai lhe dar um fora. E ele vai saber que não é nenhum herói e que nenhuma donzela vai entrar pela porta e despertá-lo da sua vidinha inútil com um beijo.

Amanda Nascimento
[último texto postado no meu antigo blog]

Antigos

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Aspirante a jornalista e fotógrafa... faz uns versinhos por aí.