25.11.06

O agora

digo ao Blues
àquele que amava
que não é tão azul
a sua rasgada e triste mágoa.


passado e passadas não existem mais
ao passo que passo
pelo passadiço, voraz,
atrás de vermelhos e violetas
em tua boca uma vez mais.

22.11.06

AVA

Ela AVA tudo.
DetestAVA. OdiaAVA.
AdiAVA. TolerAVA.
JurAVA. SonhAVA.
MatAVA. BatalhAVA.

CansAVA. CantAVA.
RealizAVA. AcertAVA.
ErrAVA. Tanto AVA que agora
ArrastAVA uma corrente pesada
com um coração doente na ponta
repleto de verbos do passado.

19.11.06

Novas experiências

Tinha curiosidade, porém medo. E se não gostasse? A sensação fosse ruim? Se ficasse mal depois? Mas os amigos diziam que ia ser bom, gostoso e ficaram abismados que uma pessoa como eu nunca tivesse experimentado.

Então, levaram-me a um local para esperarem-na chegar. Uma, duas, três horas e ela não vinha. Estavam todos ansiosos, queriam um pouco dela e queriam que eu a experimentasse logo. Pouco mais de três horas e ela chega. Amigos, ávidos. Eu, receosa. Ela era bonita, de fato, causou-me atração. Mas, ainda assim, exitei em encostar minha boca. Mas, eles já estavam lá, deliciando-se. Era chegada a hora.

Tentei ser o mais delicada possível quando a peguei, mas confesso que não tinha muito jeito com aquilo e fui meio desastrada. Disseram-me que antes tinha que lambuzá-la e assim o fiz. Depois, levei minha boca até ela [ou ela a minha boca, já não sei]. Fiquei um tempo sentindo o gosto, a textura, diferente do que eu já conhecia. Mordi um pouco e com muito custo consegui terminar o que havia começado. Com um rosto aliviado, disse que não havia gostado. Meus amigos ficaram estupefatos, não era possível, prove outra então, esta aqui. E eu, inocente, iludida, lambuzei, coloquei uma partezinha da outra na minha boca e [argh], não dava, deixei pra lá, não terminei. “Ah, então tente esta, mais encorpada! Deixa que eu lambuzo, você só põe na boca”. Coloquei, fiquei com a língua lá parada com aquilo na boca e minha amiga “vai, Amanda, morde um pouco, termina”, também não deu.

O gosto, a textura, a sensação eram ruins. Fiquei sim mal, mais foi uma reação imediata, ligada diretamente ao sabor, depois passou. Definitivamente, ela e aquele líquido que ficava todo lambuzado nela não eram para mim, muito molhada e argh.

Fui uma decepção aos presentes, que continuaram lambuzando e metendo a boca naquilo, como se fosse a melhor coisa do mundo. Uma amiga disse que a primeira vez é assim mesmo, não se gosta logo, mas depois fica bom. Ela mesma só veio gostar depois de três anos da primeira vez. Mas eu disse não, que não pretendia provar novamente. Particularmente, prefiro continuar com o que já conheço e gosto, infinitamente melhor do que aquilo. Minha boca é preciosa demais para estas aventuras.

Alguns amigos compreenderam, outros continuaram achando absurdo que eu, sendo quem sou, não gostasse. Fui embora cabisbaixa, em busca de uma que fosse para mim. Para minha surpresa, achei sim: acabei a noite com uma gostosa na minha casa e aí sim foi bom. Esta era diferente, era especialmente minha. Saudade agora.
[sobre com foi comer comida japonesa]
[o lambuzar refere-se ao shoio]
[a gostosa era uma galinha (galeto) quetinha em casa quando eu cheguei]

[ ]

Aspirante a jornalista e fotógrafa... faz uns versinhos por aí.