Uma donzela miúda, moradora da casa de flores vermelhas, passava o dia na janela, tal qual as meninas de Cecília. Esperava o trem e, quando ele vinha chegando, abria-se toda em sorrisos de cor azul, porque assim era o céu e ela queria morar lá. Ao se aproximarem os chugs e os piuis, ela entoava canções para as nuvens escutarem e o trem não descarrilar. Achava tão divertido aquele vai-vem lento e as pessoas com grades no olhar.
Ela mesma nunca havia andado num trem, mas só de vê-lo pela janela, não podia agüentar: seu coração pulava da boca e, nos seus pensamentos, pelos trilhos ia viajar. Horas e horas ela poderia ficar ali. Mas sua mãe gritava “Menina, no céu não tem trem, venha já pra cá”. E, depois de uma lágrima, saía da janela e ia brincar.
E
assim
era,
todos
os
dias,
piui
Foto e texto: Amanda Nascimento