29.6.06

Poesia perturbada*

Ando perturbada. Pensamentos e sentidos são fios negros, cortando como navalha a pele, perfurando órgãos. Não há tempo de se ater a nenhum deles, pois rapidamente eles me rasgam e transformam-se em outros, com o sangue vivo: mutação no DNA das loucuras que surgem e doem. Eu não sei o que fazer antes de virar pasta desforme de delírios, quando só me restará ser nada.

Amanda Nascimento

*Tanto que não conseguiu levantar-se.

26.6.06

Para início de conversa - desapego -

- Querendo conversar, dividir uma nova experiência, eu estou aqui.

Disse a tela em branco a ela.

- Eu estou passando por esta experiência de bater nas teclinhas do nada, ver as palavras que se formam a partir de um pensamento desordenado, sem ter medo de se vai ter fim ou não.

- Isso eu estou vendo, mas não é disso que você quer falar.

- Como assim não é disso que eu quero falar? Você sou eu por acaso?

- Sou.

- Sou?

- Não, você não. Eu sou.

- Devo estar louca.

- Sim. Você está escondendo de mim que sou você o que você está pensando agora.

- ???

- Tira essas interrogações daí.

- [backspace]
   Não devia ter feito o que você mandou.

- Mas você não fez, eu fiz, porque eu sou você.

- Ah, vai à *****!!

- Não.

- @#$%$#@... eu quero falar de DESAPEGO! Pronto, satisfeito?

- Satisfeita, sou mulher. Afinal, eu sou você. E não estou satisfeita, estou insatisfeita. Por que você quer falar sobre desapego em caixa alta?

- Sei lá, palavra bonita...

- Lá  vem você de novo, não é isso. Eu sou você, mas você ainda não está pronta pra ser eu...

- Mas, mas...

- Mas não, mais... mais tarde a gente conversa, não tenho tempo para um não eu agora. Até breve e vê se pensa sobre esta beleza de desapego.

- o que foi isso? -

[...]

Amanda Nascimento

[ ]

Aspirante a jornalista e fotógrafa... faz uns versinhos por aí.