12.11.06

[e se um dia...?]

Atravessei a rua olhando para o passado e um caminhão me chocou com o presente: eu estava no asfalto, sangrando, morrendo. Um amigo havia me dito que tinha certeza que eu morreria atropelada um dia, eu ri. Sinto dizer que ele estava certo. Independentemente daquelas pessoas que corriam em meu socorro, do motorista do caminhão que corria na direção contrária para não ser preso, da gritaria, da sirene da ambulância, eu ia morrer, era só uma questão de tempo, de pouco tempo.
Alguém pegou a minha mão, mas já não fazia diferença. Tudo era frio. Não tinha calor humano que remediasse isto. As imagens transcorriam lentas à minha frente, ao contrário do que eu sempre pensei, que passaria num flash. Levantaram meu corpo pesado e inútil e colocaram na maca, dentro da ambulância e me levaram. Tanto estardalhaço para nada, não adiantava, não tinha mais pulso. A minha vida havia se reduzido a uma linha reta [tuuuuuuuuuuu] no aparelho que mostra os batimentos cardíacos.
Os gritos fizeram-se longe.
Os risos tornaram-se bocas cerradas; as pessoas, lembranças; o bom e o mau do viver, saudade.
Não sei ao certo dizer como é, porque tudo ainda é escuro. Espero, um dia, descobrir que algo aqui que conforte. Mas não há esperança [há?] depois da sua morte?

4 comments:

Juliana Marchioretto said...

bonito texto, moça!

obrigada pela visita, volte sempre! é myuito bem vinda!

voltarei também.

**
beijos

Carol Almeida said...

Ai, fiquei triste! Mas é um belo texto, lembrei de um conto do Caio Fernando Abreu =)
Bjos, moça! E presta atenção quando for atravessar, hein?

poeta sórdido said...

triste também. você vai morrer.

drico said...

... a última que morre!

Chico Xavier.

[ ]

Aspirante a jornalista e fotógrafa... faz uns versinhos por aí.